domingo, 30 de setembro de 2012

As Cadeiras do Primeiro Semestre

 Um semestre se passou, desde que comecei o blog. Um semestre to-di-nho! É meio estranho pensar que, dos teoricamente oito semestres de curso, um já foi!

 Nota: eu ia colocar fotos nesse post pra complementar os textos e quebrar um pouco a monotonia, mas o blogger não tá colaborando. Vou colocar as imagens no post "Faculdade Faz bem Pra Criatividade", então. Aguardem!

 A super greve das federais não afetou tanto a UFRGS (ou pelo menos o meu curso). Quando a confirmação da greve saiu, eu já estava praticamente em férias e os professores avisaram que só iriam segurar as notas até o fim da greve, mas todo mundo já sabia se tinha passado ou não. Vou contar um pouco de cada matéria, dos trabalhos, provas e surtos narcolépticos coletivos. Vaaaamos lá:


  • Biologia Celular I:
     A famosa aula de Biocel, às segundas-feiras. Comentei no post sobre a faculdade que tive um sono terrível desde a primeira aula teórica. Ao que tudo indica, todo mundo teve e todo mundo sempre tem. Mas é questão de costume; lá pro fim do semestre eu me acostumei e conseguia ficar 100% acordada nas aulas. A professora da aula teórica, a Nívia, é ótima profissionalmente e é um amor de pessoa(foi ela, aliás, que me indicou a veterinária onde levei a Marreca).

     A matéria da teórica em si é GIGANTE, IMENSA e COLOSSAL. De início deu até medo, era tanta coisa que eu pensava "meu deus, como alguém pode lembrar de tudo isso?!", mas com a repetição a coisa foi se fixando. A Nívia foi realmente bacana. Ela esteve doente por um período, mas voltou assim que possível a dar aula. Certo dia, como estávamos com a matéria atrasada, ela agendou uma aula extra a tarde. Naquele dia tivemos um total de sete horas de aula. Os alunos agonizando e ela lá, firme e forte. Devo confessar que isso me despertou uma grande admiração por ela.

     Na aula prática, a professora era outra. Eu não tenho nada pessoalmente contra ela, mas ela era um pouco... como posso dizer... sem paciência. Eu adoro aula prática, observar lâminas, desenhar e tal, por isso acabei relevando; outras pessoas que não curtem tanto ficaram bem descontentes com a aula e o jeito dela. MAS o fato é que eu adorava a aula, e que fizemos umas coias bem legais, tipo um modelo de membrana basal de massinha e usamos o resto pra fazer bichinhos.

     Tivemos uma prova prática de microscopia óptica - eu e a Carol, no maior desespero, estudamos os slides na porta da sala - mas foi bem fácil. Antes de começar, a Carol estava nervosa, e eu dei uma olhada pra ela no meio da prova pra ver se ainda estava. A professora viu e insinuou que estávamos colando. Não estávamos. Eu pensei em ficar quieta, mas resolvi falar com ela. Quando os outros alunos já haviam saído, fui esclarecer o ocorrido afinal, eu tinha tirado 8,5 e a Carol 9, não era exatamente como se a gente precisasse colar. Ela respondeu "Arrã." e ficou por isso mesmo. No fim das contas ainda ajudei na correção das provas teóricas, eu sou uma maria-mole mesmo.

  • Cálculo Diferencial e Integral:
     Pois é, minha gente. Biologia tem cálculo também - ou, no caso, tinha. É, sortuda que eu sou, entrei na última barra em que cálculo era obrigatório. A cadeira em si não era nada de mais; até eu que sou meio tapada em cálculo tava conseguindo acompanhar. Fiz a primeira prova, tirei 6 (eu e mais a torcida do Corinthians)... Tudo estava ótimo até, duas semanas antes da segunda e última prova, eu perder meu fichário com TODAS as minhas anotações. Daí dei zilhares de voltas no Campus do Centro tentando encontrar alguma informação sobre ele; fui em recepção de prédios, fui em guaritas de estacionamento, fui na prefeitura universitária... nada.

     Me conformei e fui tentar correr atrás do prejuízo. O problema é que eu simplesmente não consigo estudar sem as minhas anotações. Eu até tirei xérox de outros colegas, pedi pra me explicarem e tal, mas não rolou. Fiz a prova e fiquei de exame por meeeeeeio ponto na média. Estava eu pensando, assim é a vida, até que ouvi de vários amigos em situações parecidas que o professor havia liberado eles do exame. Fui conversar com o professor pra explicar o caso; ele revisou minhas provas, inclusive uma questão na primeira prova (que valia dois pontos) que ele havia considerado inteira errada. Ele ~falou~ na minha frente que a questão estava meio certa, esse meio certo seria o meio ponto na média que faltava. Só que ele não corrigiu, ele sorriu e me disse que eu ia ter que fazer o exame. Eu agradeci, me levantei e educadamente saí da sala dele.

     Daí fiquei pensando: que adiantava ir fazer o exame? A matéria seria só da segunda área, que eu não tinha conseguido estudar. A única possibilidade seria colar, e eu realmente não queria fazer isso. Respirei fundo, peguei o ônibus e fui pra casa. Rodei, mas não me arrependo.

  • Campo Profissional da Docência em Ciências e Biologia:
     A primeira aula do semestre foi super legal, como eu comentei naquele outro post. Nas semanas seguintes, a coisa foi decaindo. Claro que teve coisas boas; eu adorei, por exemplo, o trabalhos de entrevista com um professor e da apresentação de uma aulinha (a nossa foi sobre genética)... mas as palestras, as leituras que a professora trouxe, não me acrescentaram muita coisa. Várias coisas que foram ditas me soavam tão óbvias, tipo "oh, mas o mundo dos professores é tão diferente do dos alunos, vocês nem imaginam". Acredito que, novamente, o lance seja a minha vivência no Objetivo.

     A professora em si... bom, ela tinha um hábito bem incômodo de interromper os palestrantes para lembrar aos alunos da incrível oportunidade que eles estavam tendo ou, no caso, estariam tendo se ela mesma não estivesse cortando os palestrantes de cinco em cinco minutos. É só.

  • Campo Profissional do Bacharel em Ciências Biológicas:
     Seguindo bem a proposta da cadeira, tivemos diversas palestras para ver o que alguém que estuda biologia pode fazer além de virar professor. As primeiras aulas foram com o professor Jorge, que falou sobre conceitos gerais de ciência, como é importante o questionamento, como funciona a área do bacharel e tal. Tivemos aula com uma professora, Mara se não me engano, que nos falou sobre artigos científicos, referências e resumos. Ela nos pediu para fazer o resumo de um texto e eu tirei 10 muahahaha, foi bem bacana. Tivemos uma palestra com um perito criminal, igualmente bacana.

    Entretanto, a cereja do bolo foi mesmo a palestra do Guido sobre... bem, sobre a vida dele. Enquanto ele contava sobre a trajetória de vida dele, e das coisas que ele tinha feito, eu pensava "meu deus, eu nunca vou conseguir ser tão incrível assim!". Resultado, cheguei em casa chateadíssima. Quando expliquei pro Alex porquê, ele me deu uma bronca e disse que eu não ia conseguir resolver minha vida em um dia só.

    Até é verdade, mas que eu quero ser incrível assim algum dia, eu quero.

  • Física para Ciências Biológicas:
    No começo, eu morria de sono nessa aula (era logo depois do almoço, dá um desconto). O professor era o Braun, que me lembra o Módolo no quesito "professor de física maluco". Que fique claro que esse "maluco" não tem sentido negativo, é mais um indicativo de como as aulas eram não-convencionais.

     Primeiro que eu não precisava anotar nada na aula, só prestar atenção. E, olha, achei isso ótimo. Segundo que ele fazia umas loucuras pra explicar a matéria que eram demais (exemplo: subir numa base giratória com uma roda de bicicleta nas mãos e ficar rodando no meio da sala). E terceiro que os trabalhos propostos por ele eram bacanérrimos. Teve um sobre a locomoção de uma lagarta de mariposa que me fez bater de porta em porta no setor de entomologia, e outro que me fez consultar 5 livros diferentes e todos os professores de botânica que eu consegui achar.

     Esse último trabalho foi aquele que eu havia comentado no outro post, sobre Seiva Bruta. O Braun me veio com umas perguntas loucas que eu não encontrava resposta exata em livro nenhum, e que eu tive que me virar pra responder. Parece trabalhoso, e realmente foi, hahaha. No geral, foi uma matéria ótima.

  • Morfologia Vegetal:
     Seguramente, minha matéria preferida. E não só por ser relacionada à botânica, mas também porque nessa aula eu só precisava desenhar os materiais e identificar as estruturas neles. Teoricamente você precisaria também decorar tooodos os nomes de tooodas as estruturas, mas aquele dito de que quando você desenha você acaba memorizando é a mais pura verdade. Além do mais, meus queridos professores Pereira e Betinha já haviam realizado um excelente trabalho em me fazer memorizar o conteúdo. O professor dessa matéria se chamava Rinaldo, e ele não tinha uma fama lá muito boa entre as meninas. A professora auxiliar era Alessandra, e ela era um amor.

     Acho que futuramente me candidatarei à monitora nessa disciplina.

  • Química Inorgânica Ambiental:
     A matéria cuja professora era peruana, que se chamava Leliz Ticona, lembram? Então. Sinceramente, não tenho muito a comentar sobre essa matéria. No meio do semestre a Ticona foi substituída por umas aulas, mas depois voltou. O comentário entre os meus colegas era que a aula era praticamente igual a um dos livros da bibliografia recomendada.

     Não tive maiores incidentes nessa aula fora o do teste; a única coisa significativa é que eu acabei faltando à uma aula e, justamente naquele dia, um professor diferente deu uma aula com nitrogênio líquido e fez umas coisas loucas lá. Todo mundo adorou a aula... menos eu, que não estava lá. Esse semestre vou tentar assistir.

  • Química Orgânica Teórica Fundamental:
     Nessa cadeira tivemos um professor cujo nome não me lembro (vergonha). As aulas eram tranquilas, o único problema era que a letra dele era beeeem difícil de entender. A primeira prova era praticamente só funções orgânicas, que não foi problema no colegial. Adivinha só? Tomei um D bonito pra aprender a não folgar.

     
    Confesso que eu não mereci tamanha bondade do professor - afinal de contas, era só não ter subestimado a matéria - mas ele me disse que se eu tirasse B na segunda prova, não precisava fazer o exame. Criei vergonha na cara, estudei, tirei meu B tranquilamente e terminou assim. Muita gente achava o professor esquisito. Ele me parecia meio incompreendido, de fato, mas não era um mau professor.

  • Zoologia de Campo:
     Essa foi minha segunda preferida. Quem me conhece sabe que uma das coisas que eu mais gosto desde criança é me enfiar no mato atrás de bicho, então nem precisa muita explicação do porquê. O funcionamento dessa cadeira basicamente era: vai a campo, coleta, faz triagem, faz relatório e apresenta o seminário.

     A primeira saída foi para praia, em Tramandaí. Logo que começamos a coletar eu senti algo estranho, começou a me dar cólica. Eis que era aquele maravilhoso momento do mês que toda mulher conhece. Minha sorte foi que eu estava com o meu "kit de primeiros socorros" na mochila. Voltei, continuamos a coleta, eu anotando os achados de um jeito completamente desorganizado mas tava ótimo...
     Pausa para o almoço: eu havia preparado uma cesta de piquenique com todo o amor do meu coração para o meu grupo - obviamente fiz sanduíches demais - e todo mundo se empanturrou. Depois começamos a triagem e identificação, e eu fiz as minhas anotações bagunçadas virarem o mais organizado, completo e maravilhoso relatório de campo já produzido. Sem falsa modéstia. Depois disso eu virei a "guria" das anotações.
     O seminário sobre a coleta foi bem tranquilo. O professor disse que umas coisas que eu tinha falado doeram no ouvido dele e outros comentários cheios de amor desse gênero, mas estranhamente meus colegas acharam que tava ótimo. Há quem diga que ele ficou com o orgulho ferido, há quem diga que ele percebeu que eu tinha potencial e tentou me incentivar... não sei [spoiler], só sei que no fim das contas eu tirei A[/spoiler].

     A segunda saída foi na verdade coletar invertebrados num bosque lá dentro da faculdade mesmo. Fiquei responsável pelas fotos e anotações, o trabalho braçal de bater nas árvores para os bichos caírem ficou pros meninos. Eu não sei se você, leitor, sabe, mas eu não sou exatamente uma grande fã de aranhas. E lá tinha aranhas. MUITAS.
     Terminada essa parte, fomos para o laboratório fazer a triagem. Havíamos coletado também amostras da camada de folhas, e para essa parte era necessário peneirar porções do material. Eu estava lá, tentando, quando o professor parou na minha frente e começou a tirar sarro de mim, perguntando se eu não sabia fazer bolo. Ao que tudo indica eu não estava peneirando o negócio de maneira muito eficiente, e o modo mais prático era que nem se peneira farinha para um bolo. Sorry, eu só faço bolo de caixinha. :(
     Fiquei eu como responsável por fazer a introdução e a metodologia do relatório, e juntar e editar a coisa toda. Sabendo como estudante é, o que foi que meu grupo fez? Fez o relatório com antecedência? ~NÃÃÃÃÃO! Deixou tudo pra última hora!!!
     Resultado? Ana Maria chegou em casa, segunda-feira de noite, depois do treino. Sentou no sofá, pegou o computador e digitou. E digitou. E pesquisou. E não achou. E se desesperou. E improvisou. E digitou... até que eram 07:00 da manhã de terça-feira, quando ela finalmente terminou o relatório, que deveria ser entregue às 08:30. Detalhe: naquele mesmo dia foi a apresentação do seminário da primeira saída, que eu falei aí em cima. Ana Maria então tomou banho correndo, se vestiu correndo, foi pra faculdade correndo, chegou lá e... a apresentação de seu grupo seria de tarde. Ana Maria então foi procurar um lugar para cochilar. Entrou no DAIB (que estava vazio), se enrolou numa poltrona e dormiu. Acordou por puro acaso, com o DAIB cheio de gente e ela no meio; acordou faltando quinze minutos para a apresentação. Que fique claro, não me orgulho disso. Mas todo mundo tem que fazer isso ao menos uma vez, né?

     
    A terceira saída foi para Eldorado do Sul. Fomos coletar cobras, lagartos, sapos e peixes. Eu, Diego e Lúcio achamos um sapinho super fofinho - só que tivemos que virar ogramente um tronco de árvore pesadíssimo para tal. Não encontramos muita variedade, porque chegamos atrasados e já estava muito quente. Fomos então coletar peixes num arroio, e eu descobri que eu sou PÉSSIMA pra isso e que não quero trabalhar com peixes nunca, hahaha.
     O RU da Estação Agronômica Experimental, onde estávamos, tinha simplesmente a comida mais deliciosa que eu já imaginei comer num RU. Até a água de lá era melhor que o esperado.
     Voltamos para Porto Alegre. Na semana seguinte, fizemos a triagem dos peixes coletados e, meu deus, como aquilo dá trabalho. Meu grupo decidiu fazer o último relatório e seminário sobre os anfíbios coletados, e foi relativamente tranquilo.

     Assim terminou a cadeira de zoologia de campo, com eu ganhado um A de Tia Namá!

A Gata

Era uma noite fria e silenciosa, dia dez de maio do ano de dois mil e doze, quando ouvi o telefone tocar. Do outro lado da linha, Alexsandro me implorava que fosse abrir a porta. Pensei "O maldito perdeu a chave de novo".

Ao me encaminhar para a entrada do edifício reparei em algo inusitado - o homem não aguardava junto ao portão, mas sim do outro lado da rua. Num primeiro momento nossos olhares se cruzaram, mas logo em seguida minha atenção foi tomada por uma mochila que ele carregava como se fosse um bebê.

Tomada pela curiosidade, atravessei a rua. Ao me aproximar, notei que ele ninava a mochila - que, por sua vez, emitia um choro alto, não humano. Notavelmente perplexa, me dirigi a ele: "Seu filho da mãe, se você estiver me sacaneando, eu mato você".

Ele não respondeu; apenas indicou, com um aceno de cabeça, que entrássemos no prédio. Enquanto passávamos pelos portões, o choro agudo e desesperado que a bolsa emitia me dava calafrios. Eu pensava "Isso não pode ser verdade", enquanto finalmente abria a porta do apartamento de número 103.

Dentro de casa, ele ordenou: "Entra na cozinha e fecha a porta". Eu obedeci, mas repliquei: Você sabe que se isso for brincadeira eu te mato, né?". O choro na mochila se intensificou. Alexsandro se sentou numa velha cadeira de madeira, com o pacote no colo. Me aproximei. Suas mãos grandes e calejadas realizaram, num piscar de olhos, a abertura da bolsa.

Neste momento aconteceu o incrível. Uma cabeça felina se pôs para fora da abertura. Seus pelos eram amarelo-alaranjados, e seus olhos eram verde-pistache. O choro cessou, dando lugar à miados esparsos - estranhamente semelhantes ao som que aqueles patinhos de borracha fazem.

"Era verdade mesmo", pensei. Alexsandro, como se tivesse visto o pensamento em meus olhos, disse: "Eu não poderia deixá-la lá".

--------------------------------------------------------------
                        
 Assim, meus caros, é que surgiu a Marreca Godzilla. Para quem interessar possa, o primeiro nome surgiu do miado engraçado dela; o segundo, do curioso hábito de ficar sobre as duas patas traseiras e atacar as coisas que ela tem. O Alex resgatou ela de do meio de um bando de cachorros, em Eldorado do Sul. Ela seguiu ele até a escola de Pa Kua, e ele sem titubear enfiou ela numa mochila e trouxe pra casa. A veterinária disse que ela deveria ter cinco ou seis meses. Decidimos então que o aniversário dela então é dia 16 de janeiro, entre o do Alex (dia 06) e o meu (dia 26).



 Desde aquele dia, minha vida deu um duplo twist carpado. Eu sempre quis ter um gato, mas digamos que é um pouco diferente "querer" e "ter". No primeiro dia, ela correu pra área de serviço e se meteu embaixo de uma mesa. Coloquei cobertas pra ela ficar lá, junto com água e ração. A Questão Xixi me preocupava; não sabia se ela ia se adaptar à caixa de areia, já que ela era de rua e tal. O Alex comprou a caixa o mais rápido possível, e eu coloquei ela no banheiro da área de serviço. Naquele dia, fiquei na expectativa... até que ela foi até o lixo, na cozinha, e fez xixi ao lado. Me desesperei, pensei "ah meu deus, eu não entendo nada de gato, como que eu vou fazer ela usar a caixinha?!". Acabei colocando a caixa ao lado do lixo. 
 Naquela noite, fiz promessa pra todos os deuses possíveis e imagináveis pra que a gata aprendesse a usar a caixa. No dia seguinte, o pedido foi atendido. Como eu não sei quem foi que atendeu, não vou virar devota de nenhum pra não cometer nenhuma injustiça, né?




 A Marreca já me rendeu diversas histórias; ela já deu de cara no vidro tentando caçar um sabiá-laranjeira, já escalou um armário de mais de dois metros de altura, já se escondeu embaixo do sofá-cama e quase matou eu e o Alex infartados... Acho que a coisa que eu mais gosto é o barulhinho que ela faz quando está prestes a pular na cama ou no sofá. É uma graça, não dá pra explicar.





 Claro que ela já fez coisas ruins e me fez pensar que o meu lance definitivamente é cachorro, também. Nas primeiras semanas ela me arranhava sem dó, me mordia, não deixava eu fazer carinho. Fora as coisas que ela pega, derruba, morde, rói, destrói...
 Ela faz coisas completamente aleatórias, tipo escalar a cabeceira da cama por trás (entre a madeira e a parede) ou passar por trás do rack na sala (e puxar vários fios da tv e do roteador no processo). O problema é que ela tem uma carinha tão, mas tão bonitinha que eu não consigo ficar brava.





Ela apronta todas, me despreza, tenta roubar o Alex de mim... mas ainda assim eu amo essa peste. Ela começou a dormir na cama comigo há uns dois meses, e recentemente ela começa a ronronar quando eu pego ela no colo. Daí eu seguro ela que nem um bebê e ela dorme! Não consigo resistir!




O Que Aprendi na UFRGS

 Ao contrário do que talvez se possa imaginar, esse post não é sobre o conhecimento acadêmico que adquiri na UFRGS. É sobre o conhecimento, por assim se dizer, de vida.

 Só nesses poucos meses, foram tanto coisas boas como ruins. Tanto coisas sérias quanto engraçadas. Algumas pessoas podem se espantar
 com o que eu aprendi("caramba, mas só aprendeu agora??"), mas o fato é que eu tive, nesse sentido, o privilégio de estudar numa escola com uma ótima infraestrutura, com professores que, se não me amavam, pelo menos gostavam muito de mim. Hahaha.

 Começarei com o que eu gosto de chamar de "Pequenos Luxos da UFRGS". Em todos os meus 17 anos de Objetivo certas coisas e situações que, ao que tudo indica são comuns em outras escolas, nem me passavam pela cabeça. Imaginem então minha surpresa, no início das aulas, ao perceber que nem sempre existe um bebedouro com água geladinha e sem gosto de terra em cada corredor? Ou que nem sempre há um banheiro por perto? Limpinho, então, nem se fala.
 Por sinal, eis o campeão de novidades na minha vida na UFRGS: o banheiro. A primeira vez que entrei no banheiro e dei de cara com um rolo coletivo, no esquema "pega sua parte e vai", ao invés de papel higiênico em cada cabine, quase chorei. Pobre jovem iludida, mal sabia eu o que me aguardava. Não demorou muito pra eu ir ao banheiro com a bexiga quase explodindo, já que tem que caminhar quilômetros pra encontrar um, e dar de cara com a coisa mais aterrorizante da minha vida até então: NADA DE PAPEL. Necas de pitibiribas. A solução? Moças mais perspicazes que eu me incutiram o sábio costume de carregar lenços de papel na bolsa, porque lá essa falta de papel é pra lá de comum. Como vocês podem deduzir, papel higiênico no banheiro é uma espécie de luxo da UFRGS.
 Aí surgem os graus de luxo num banheiro:


  • Papel Higiênico - luxo básico(por mais contraditório que isso soe)
  • Papel toalha - luxo mediano (50% de chance de ter)
  • Sabonete - luxo alto (a título de curiosidade: esse "sabonete" é um líquido esbranquiçado, de propriedades químicas desconhecidas, que geralmente é armazenado numa garrafinha de água sem rótulo, com um furo na tampa)
  • Espelho - super mega ultra hiper dipper flipper master blaster duplex platinum plus LUXO(creio que enfatizei o suficiente).
 Mas não se preocupem, eu já peguei o jeito da coisa. É capaz até de eu fazer um mapeamento dos melhores banheiros e bebedouros de cada área de cada campus e deixar como legado aos futuros alunos.

--------------------------------------------------------------

Essa foi a parte engraçada, ok? Agora vem a parte séria.
 Logo nas primeiras semanas de aula, passei por uma situação aparentemente pouco grave, mas que me fez ter uma boa dimensão do quanto é diferente minha experiência no Objetivo com o que geralmente se tem numa instituição de ensino. Vamos lá.

 Estava eu, feliz e contente, na aula de química inorgânica. Estávamos fazendo um teste, duas questões apenas. A professora havia estabelecido o tempo de prova entre 08:45 e 09:45 (ou algo nessa faixa de tempo), então eu estava fazendo com toda calma e capricho do mundo. Eis que, passados dez minutos, ela se deu conta de que era tempo mais que suficiente, e resolveu alterar: o teste terminaria às 09:00, ou seja, em cinco minutos. Essa mudança gerou aquela barulheira: pessoal cochichando, pessoal levantando pra entregar... Nesse meio fiquei eu, que ainda tinha que passar à caneta, tentando escrever rápido. Daí o cisto começou a doer, eu não conseguia me concentrar com tanto barulho e foi aquela coisa linda. O bolo de gente que estava em torno da professora havia acabado de se sentar, quando me levantei para entregar o teste. A professora se recusou a aceitar a folha. Nessa hora quis chorar de raiva, quis amassar o teste e ir embora da aula, quis matar alguém... mas eu resolvi voltar pro meu lugar e bola pra frente. A professora, afinal, não sabia do meu cisto. Ela só estava tentando ser firme (apesar de eu ainda achar incorreto diminuir o tempo de prova depois de ela já ter se iniciado). No fim das contas, várias outras pessoas ainda não haviam terminado e ela acabou recebendo os testes de todos.

Fim de caso, sem maiores problemas. 

 Mas esse evento me deixou pensando na relação maravilhosa que eu tive com os meus professores, em como eu fui abençoada por poder viver 17 anos numa mesma escola, com gente que me conheceu desde pequena e que sempre foi o máximo comigo. Para finalizar, gostaria de agradecer aos meus grandes professores e professoras: Luciane, tia Íris, tia Beth, Valéria, Betinha, Isa, Nanci, Marli, Ana Lúcia, Marisa, Adriana, Sandra, Claudia, Betina, Andréia, Vanessa, Débora, Pereira, Bira, Cacá, Sidney, Orsi, Paulinho, Pandolfi, Módolo, Araújo, Fábio, Paulo, Gustavo, André, Manetta, Saulo, Tiago, Carlos, e tantos outros que estiveram em algum momento comigo nesses anos maravilhosos!

sábado, 29 de setembro de 2012

Rápida Mensagem de Volta


Cá estou eu, cinco meses depois, voltando ao blog. Minha ideia era fazer um post por semana, juro(aliás, ainda pretendo fazer isso). Só que esses cinco primeiros meses foram uma loucura loucura loucura, então não rolou... Mas vamos ao que interessa, um breve comentário sobre o que aconteceu nesse tempo:

Tive que me adaptar rápido ao funcionamento dos ônibus aqui. Não dava muito certo chegar duas horas antes da aula, nem vinte minutos atrasada. Até que consegui. Logo na segunda semana de aulas, fui comprar uns materiais no mercado público; uma menina muito fofa me acompanhou até lá, mas na hora de ir pra casa... eu teoricamente sabia qual ônibus devia pegar, mas eu não sabia onde era a parada do ônibus. No fim das contas ninguém sabia também, porque as paradas estavam em obras e o ônibus estava numa parada diferente que nunca descobri onde era. Daí, depois de me desesperar porque estava perdida no centro de Porto Alegre, sozinha e com frio e com fome, um anjo em forma de funcionária de limpeza de banheiro público me indicou um ônibus passava perto de casa. Salvou minha vida.

Senti realmente que muita coisa mudou nesses meses. Fora o óbvio, morar sozinha e tal (ainda que seja uma parte MUITO grande dessa mudança), várias coisas aconteceram. Aí vem o papinho brega de que conheci pessoas incríveis (mas a verdade é que conheci mesmo)... senti pela primeira vez talvez seja exagero falar "primeira", mas antes foram poucas, com certeza que estava entre pessoas parecidas comigo. Mesmo agora, ainda sinto em diversos momentos. É uma coisa louca, meio "ET voltou para casa"...

Fiz diversos amigos novos, mas alguns receberão uma citação especial (provavelmente serão mencionados com frequência): Carol, Lúcio, Diego e Gabriel. Acho difícil explicar o quanto essas quatro pestes foram importantes pra me fazer sentir mais adtada aqui, e não estou falando  de ficar me levando até os lugares no centro para os quais eu não conseguia gravar o caminho. Estou falando dos almoços trogloditas no McDonald's, do sono coletivo nas aulas, do desespero também coletivo pré-provas, da nossa incrível performance em grupo para trabalhos...

Tem muito mais coisa pra contar, mas essas coisas precisam de maiores detalhes para serem compreendidas. Sendo assim, farei pretendo fazer alguns posts ainda essa semana, abordando os seguintes temas:
  • As Cadeiras do Primeiro Semestre
  • O Que Aprendi na UFRGS
  • O Que Aprendi em Casa
  • Marreca Godzilla, a Gata
  • O Herbário
  • Ana Maria & Porto Alegre
  • Eu, Veterana
  • Desventuras em Série
  • Faculdade Faz Bem pra Criatividade

Não necessariamente nessa ordem. Pra finalizar, uma das primeiras fotos que tirei aqui: