sexta-feira, 27 de abril de 2012

Taekwondo

Em fevereiro deste ano me despedi (felizmente, não em definitivo) dos colegas do Sorocaba Taekwondo Clube.


 Tudo começou em outubro de 2009, por recomendação médica, embora eu sempre tivesse me interessado pelas artes marciais. Encontrei uma academia perto do Objetivo, por sorte. E que sorte.





 Lembro-me perfeitamente das primeiras aulas. Eu, que achei que ficaria apenas sentada observando a aula, participei logo de cara. Saia das aulas moída - via de regra, três dias tomando dorflex direto pra aguentar. Com o tempo o dorflex parou de funcionar; felizmente, a dor também parou de incomodar tanto


 Em seu lugar surgiu aquela sensação de bem-estar e felicidade... aquela sensação que me acompanhou durante os dois anos que estive, religiosamente às terças e quintas-feiras, treinando lá.



 Com o tempo, meu condicionamento foi melhorando. A dor nos pés sumiu. Comecei a me acostumar com a movimentação, comecei a conseguir fazer um pouco daquilo que eu achava tão lindo desde pequena. Eu aprendi a me esforçar de verdade, para atingir meus objetivos e melhorar cada vez mais, no treino.


Tantas histórias... 


 É impossível não suspirar ao lembrar da Seletiva de Itu, com tantos incidentes que parece até piada: lanchonete meia-boca, ginásio sem ventilação, tempestade repentina, falta de energia, goteiras no tatame, atraso gigantesco...



 A Seletiva de São Paulo, minha primeira experiência participando, foi ligeiramente sabotada pela Maria, a moça portuguesa do GPS do Mestre Paulo. O sorvete de iogurte que me salvou da fome. O Gabriel venceu e eu gritei tanto que quase fiquei sem voz.



 A primeira apresentação, no ginásio do Uirapuru! Eu recém tinha recebido meu dobok, entrei sem bandeiras nem nada, para fazer a saudação. Fiquei assistindo o resto, maravilhada. Desejando ter habilidade para reproduzir o que vi algum dia...


 As demostrações que vieram depois, na Decathlon e no Objetivo. Os poomses para os quais eu tanto treinava, os quebramentos inesperados, as defesas pessoais com a minha parceira Rebeca...











 Houve alguns momentos ruins ou constrangedores, incluindo acertar cabeças e furar paredes, mas faz parte, eu acho... hahaha!


 A apresentação do Taekwondo Absolute Legends, que me fez aumentar ainda mais a vontade de melhorar, não teria sido a mesma sem a super movimentação coletiva para irmos, sem o Rafa, a Bruna e o César me fazendo sentar em lugares alheios, sem a parada no Outback e as suas sobremesas gigantes...


 Os exames de faixa, ai ai. O treino puxado, a expectativa, o Mestre Carvalho que me colocava na frente dele só pra me deixar mais nervosa... Alguns exames transcorreram sem problemas, outros foram mais conturbados. Certa vez acabei criando um poomse diferente e, mesmo com inédita segunda chance, errei. Terceira chance? Impossível? Pois é... na terceira vez eu fiz direito. Sinto muito pelo papelão, mestres!


 No meu último exame em Sorocaba, após um longo período doente e ainda meio debilitada, houve uma avaliação física. Achei que ia ser um fiasco, mas me esforcei ao máximo. 
 Ao final do exame, após as palavras do Mestre Carvalho sobre a mudança nos exames e o desejo de que os alunos fossem realmente apaixonados pelo Taekwondo, estava bem emocionada. Então, os mestres comentaram que havia duas pessoas a ser parabenizadas em especial pelo esforço: eu e a Rebeca. Saí do tatame em lágrimas.
 Saí chorando, fui chorando até chegar em casa. Não era tristeza, era só muita emoção. Era o contentamento por ter sido parabenizada (ainda mais pelo Carvalho), somado ao esgotamento físico e ao anterior medo de não conseguir, recoberto pela já quase definitiva perspectiva de que aquele seria meu último exame. Mestres, meus mestres queridos, como são incríveis as mudanças que realizaram - intencionalmente ou não - nesta criaturinha aqui.


 E por falar nisso, não só meus mestres contribuíram. Nos primeiros meses de treino, eu pensava que não deveria tentar estabelecer amizades, porque isso prejudicaria meu desempenho. Ledo engano.


 Os amigos foram surgindo, sem intervenção direta minha. Dois anos de convivência batendo, apanhando, caindo, indo junto nos fins de semana pra demonstração, treinando desesperadamente para o exame de faixa e rindo das trapalhadas que volta e meia aconteciam não poderiam dar em outra coisa.
 Por sinal, ao contrário do que eu imaginava, meus colegas de treino só me ajudaram a melhorar. Eles tornaram tudo imensamente melhor (mesmo quando eu estava tão cansada que achava que ia vomitar e o Carvalho perguntava porque eu estava verde). Portanto, aí vão meus agradecimentos especiais:


 Rafael, obrigada por nunca me deixar fazer corpo mole, por me incentivar sempre (ainda que indiretamente) e por me mostrar que esforço sempre compensa.


 Rebeca, obrigada por me mostrar o quão boa pode ser uma taekwondista, e por ser uma maravilhosa companheira de defesa pessoal!


 Bruna, muito, muito, muito obrigada por seu bom-humor, por nunca desanimar e por sempre ser tão carinhosa com todos nós.


 César, obrigada por sempre ter me aturado falando que você é a coisa mais fofa do mundo - e você de fato é!


 Waldir e Léo, muito obrigada por serem exemplos tão fantásticos de esforço e determinação, e pela alegria que vocês trazem aos treinos.


 Leozinho, muito obrigada por ser tão doce e divertido. Obrigada também por ter me tornado (ainda que indiretamente) uma pessoa mais paciente.


 Wilson, obrigada por aguentar minhas trapalhadas, por sempre me ajudar a melhorar e, principalmente, por ser um modelo para mim.


 Edinho, muito obrigada por me mostrar o quão maravilhoso o Taekwondo pode ser quando praticado por uma pessoa dedicada, por servir de inspiração.


 Mestre Paulo e Mestre Carvalho: muito obrigada por tudo, tudo mesmo. Muito obrigada por serem mestres e pessoas incríveis, por sempre me motivarem, cada um a seu modo, a melhorar; por acreditarem em mim. Muito obrigada pela paciência (e também pela falta às vezes), por me elogiarem e me instruírem quando preciso, por me tornarem uma pessoa melhor. Por serem "mestres" no sentido mais pleno da palavra.

 Prometo melhorar, pra ser um orgulho pra todos vocês, meus companheiros queridos. 
Já voltei a treinar aqui em Porto Alegre; muita é coisa é diferente, muita coisa daí me faz falta... mas não vou desanimar, em hipótese alguma. 


 Porque, se a saudade é grande, o amor é maior ainda.




2 comentários:

  1. Esse foi um relato pessoal, com sentimentos íntimos envolvidos. Mas lendo o texto, tive certeza de que é um exemplo para todos que pensaram ou pensam em praticar e praticam alguma arte marcial. Qualquer uma. Pois é disso que se trata. De superação. De sangue, suor e lágrimas. De determinação. De amizade. De amor. Parabéns! E que a chama nunca se apague!

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